Complexo da Elvira, Serra dos Alves
Por um Complexo da Elvira com menos carrapato! Esta é a minha principal reinvidicação ao Governo de Minas Gerais depois de visitar este lugar incrível. E bota incrível nisso.
Dono de uma beleza singular e uma janela do céu para chamar de sua, este complexo traz quatro cachoerias de personalidades distintas sob um nível de dificuldade “ao ponto para bem passado”. Ou melhor, é uma trilha moderada para quem já é praticante do trekking e levemente difícil pra quem não é tão acostumado à este mundo.
Como já faz um pouquinho de tempo que fui lá, estou um pouco confuso se são três ou quatro cachoeiras que fazem parte do complexo. Na verdade, acho que são três poços e a janela do céu.
Os materiais que encontrei na internet também não me ajudaram muito a concluir a quantidade correta de atrativos, por isso, vou me utilizar das minhas fotos para definir que são três poços e uma janela do céu mesmo.
Diário
Acordei às 3h15 da manhã, já com medo de perder a Van que sairia por volta das 4h50 lá do centro de BH, tomei um belo do banho pra tentar viver, vestí o manto do trilheiro, conferi minha enorme mochila que cabe 1kg, pedi meu UBER e vida que seguiu conforme o previsto.
A verdade é que eu estava com expectativas medianas para essa trilha, que foram facilmente superadas logo nos primeiros momentos de caminhada. As paisagens são fantásticas, o grupo era muito divertido e a complexidade da trilha bem interessante… tudo isso contribuiu para tornar esse dia um dia bem especial!
Como comentei um pouco antes, o lugar é dono de uma beleza peculiar e isso foi importante pra mim porque eu já estava habituado a fazer trilhas em ambientes mais abertos, o que tornou o fato da tilha ter uma parte de mata fechada a experiência ainda mais diferenciada.
Trilha
Eu pensei em detalhar a trilha também, porém, como não me lembro exatamente do caminho, achei melhor compartilhar um excelente material que encontrei no Wikiloc (clique aqui), registro de um percurso, escrito por Hélio Jr.
Como chegar
O ponto de referência para chegar ao início da trilha é o vilarejo de Serra dos Alves, pertencente ao município de Itabira. O vilarejo está a aproximadamente 100km de Belo Horizonte, sendo que a partir de Ipoema o trajeto é feito por estrada de terra em condições medianas (aprox. 15km). Os trechos mais críticos da estrada de terra foram asfaltados.
A trilha
A partir do centro do vilarejo, o trajeto segue pela estradinha que leva a uma ponte pênsil sobre o rio Tanque. O início da caminhada é pela mesma trilha que leva à cachoeira dos Cristais, cânion Boca da Serra, etc. Após 1,9km, deixamos a trilha que sobe a serra para tomar o caminho que segue para o complexo da Elvira.
A trilha segue bem demarcada no interior da mata e desemboca no córrego da Serra. Após a travessia a trilha segue por algumas dezenas de metros na mata até encontrar o ribeirão do Mato, curso d’água que forma as cachoeiras do complexo da Elvira. A trilha segue subindo o leito pela direita até chegar a um poço e uma pequena queda d’água, local bom para banho.
A trilha continua um pouco abaixo do poço, do lado direito, um pouco discreta pois se trata de uma subida íngreme pela mata. A subida possui alguns pontos de escalaminhada, onde é preciso se apoiar em troncos, raízes, etc. No entanto, a subida é bem demarcada.
Após algumas dezenas de metros, há um acesso discreto para a primeira cachoeira, à esquerda da trilha. Para chegar ao leito do ribeirão é preciso descer por alguns degraus. A cachoeira possui algumas quedas em sequência e pequenos poços.
O retorno é feito pelo mesmo caminho, ao chegar à trilha principal seguimos subindo. Mais acima mais uma bifurcação, com o caminho mais discreto da esquerda levando ao leito do ribeirão.
A descida é curta, porém forte em alguns pontos. Ao chegar ao leito do ribeirão, é preciso seguir pelas pedras até a 2ª cachoeira do trajeto. A queda cai nas pedras, formando uma espécie de ducha, ao lado da queda há um pequeno poço bom para banho.
O retorno é feito pelo mesmo caminho até a trilha principal, de lá continuamos subindo até o acesso à 3ª cachoeira. Ao chegar ao leito do ribeirão, a caminhada é feita pelas pedras até a cachoeira.
No local há pequenos poços e algumas duchas formadas pela queda d’água. Ao lado da 3ª cachoeira segue uma trilha até o topo do complexo da Elvira, onde há uma 4ª queda d’água e um visual exuberante para o vilarejo de Serra dos Alves.
Observações
- Trilha de dificuldade entre moderada e alta, em virtude das descidas e subidas íngremes, alguns trechos de escalaminhada e caminhada pelo leito do córrego.
- O acesso é feito por propriedade particular, no entanto não há controle de entrada ou cobrança de ingresso no local. Mesmo assim: respeite as normas locais, NÃO FAÇA FOGUEIRAS, NÃO DEIXE LIXO, FECHE AS TRONQUEIRAS/PORTEIRAS QUE ABRIR. Contribua para que os acessos sejam permitidos;
- Não há qualquer tipo de infraestrutura ao longo da trilha. Leve água e lanche suficientes. A água deve ser coletada nas fontes e córregos ao longo do trajeto. Não há sinal de telefone na região.
- Boa parte da trilha é sombreada, no interior da mata. No período de estiagem é muito comum a infestação de carrapatos na região.
- A recepção GPS no interior do cânion fica comprometida, independentemente do dispositivo a ser utilizado. No caso deste tracklog, a orientação no interior do cânion através de receptor GPS, app ou celular é apenas figurativa. Faça uma leitura do terreno, observe as trilhas.
- No período chuvoso, atente-se para o nível dos córregos. Parte da caminhada é feita pelo leito deles. Risco de morte.
Serra dos Alves
O Complexo da Elvira faz parte do conjunto de atrativos da Serra dos Alves, situada nas imponentes montanhas da Serra do Espinhaço e que tem uma história que remonta a meados de 1850, quando os bandeirantes começaram a explorar seus recursos minerais, embora os resultados não tenham rivalizado com os de Ouro Preto e Mariana.
Com sua economia centrada na agricultura e pecuária de subsistência, os moradores cultivam uma variedade de produtos, desde mandioca até café, além de produzir iguarias locais, como rapadura e bolos tradicionais.
O nome “Serra dos Alves” deriva dos primeiros habitantes e proprietários da Fazenda das Cobras, que receberam heranças de terras produtivas na região.
A comunidade ainda mantém os costumes e hábitos simples da época “dos Alves”, com influências da passagem de tropeiros na região no século XIX, que deixaram marcas na culinária e nas histórias locais.
A Capela de São José, construída em 1866, é um marco histórico da região, que mantém tradições religiosas vivas por meio de festas como a de São José e a do Divino Espírito Santo.
Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Municipal de Itabira em 2004, o conjunto arquitetônico da capela, do cruzeiro e das casas ao redor preserva a beleza rural e o charme do século XIX, oferecendo aos visitantes uma visão única da história e da cultura da Serra dos Alves.
A comunidade, com sua identidade cultural forte, mantém tradições como o uso de fogões a lenha, a prática religiosa de reza coletiva, o cultivo de produtos locais e o respeito pela medicina natural.
Ao visitar essa localidade, você será recebido pela hospitalidade calorosa dos moradores e mergulhará em uma atmosfera tranquila que proporciona um verdadeiro refúgio da vida urbana agitada.