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Irlanda, Limerick, Intercâmbio

Cheguei em solo irlandês há pouco mais de uma semana e até agora ainda não tinha conseguido parar para escrever sobre a mistura de sentimentos que tenho vivido por estes últimos dias.

Uma montanha russa de emoções, por assim dizer, é com o que tenho lidado! Mas, obviamente, com muito mais sentimentos positivos do que aqueles que, de alguma forma, tentam me levar pra um lugar não tão positivo!

Pois bem, após uma decisão meio drástica de dar novos rumos à vida após muito tempo seguindo o fluxo que o acaso vinha me dando, pisei, após um hiato de quatro anos, em terras que ainda me trazem excelentes lembranças e uma sensação de conquista, a – por muitos – tão sonhada Europa.

Mas, como nada na vida é fácil, o caminho até aqui também não foi. Foram horas e horas de voos. E bota horas nisso!

Voa voa, passarinho

Tudo começou na terça-feira quando, de carro, dirigi por cerca de 5 horas entre Tupanatinga  e Recife. Na madrugada de terça-feira para quarta peguei um voo para Belo Horizonte, porque precisei ir pra lá, e já no final do mesmo dia voltei ao Recife. Foi um bate-e-volta bem sofrido!

Sem muito descanso, na quinta-feira ao meio-dia, voltei ao aeroporto de Recife e peguei o primeiro voo propriamente dito da saga “Irlanda”, este com destino à São Paulo, onde eu ficaria por cerca de 6 horas esperando a conexão.

De lá peguei outro voo, agora com destino à Amsterdam, de 11 horas de duração. Pouca coisa, né?

Nesta parada, eu aproveitei o intervalo entre um avião e outro, de 17 horas, para visitar alguns amigos que tenho por lá, e isso foi um grande acerto, porque o tempo que estive com eles foi sensacional.

Já no dia seguinte, agora sábado, tomei o meu último voo do circuito, o trecho Amsterdam-Dublin. E após quase 1h30, já na capital irlandesa, esperei por duas horas até o horário do ônibus que me deixaria na cidade onde estou morando, Limerick, que fica no interior do país.

Duas horas e meia depois, cheguei onde estou agora escrevendo pra você, meu nobre seguidor (bem blogueiro, ein).

Primeiros sentimentos

E sabe aquele sentimento de: “Carambolas, que loucura, o que é que estou fazendo aqui? Por que que eu não vim antes?”? Pois bem, foi o que senti ao descer do ônibus de dois andares que me trouxe pra cá.

O frio estava torando, arrebentando a minha cara que já é ressecada por natureza e abatida pela minha pouca idade de jovem senhor idoso, e eu me sentindo um “princeso” descolado por estar na “zoropa”, realizando um sonho de juventude. Este foi o enredo de quando me peguei, ali, parado no ponto de ônibus da Arthus Quay enquanto esperava o meu transfer vir me buscar.

E ao longo dos dias em que eu pude adentrar ainda mais pelas ruas da cidade, preciso dizer, por muitas vezes confundi a minha realidade com os filmes e seriados que um dia vi na televisão e que se passavam em lugares pitorescos parecidos com os que estavam à minha frente, e eu fingia, por alguns minutos, ser o ator principal – porque não nasci pra ser coadjuvante, mesmo nas minhas loucuras (estou brincando, minha gente haha) – caminhando, de maneira faceira, enquanto no meu fone de ouvido tocava a musica que eu já tinha elegido para fazer parte da trilha sonora da minha estadia aqui.

“Ai que loucura, ai que loucura”, já dizia a nossa pensadora contemporânea Narcisa. 

Vida que muda constantemente

Passado o ápice das minhas primeiras emoções e chegado o motorista que me levaria à minha acomodação, lá fui eu para… claro, para a acomodação.

E aí, levei o meu primeiro chute no estômago.

Mas calma, deixe-me contextualizar antes algumas coisas. Anota aí:

  • Informação 1: eu sou um solteiro (agora quase convicto) e vivia solitário, em minha residência solenemente isolada de todos e de tudo, há cerca de uns 8 anos; e
  • Informação 2: eu sou muito desligado das coisas que eu compro e/ou marco em viagens, e geralmente descubro muitas coisas quando chego ao local.

Agora que você já tem essas duas informações importantes, permita-me contar o porquê do “chute no estômago”: Cheguei na acomodação e pá… Fui apresentado ao meu micro-quarto que dividiria com mais 3 pessoas.

No fundo, no fundo, eu queria morrer e pensei em algumas alternativas. Eu estava esperando que, no máximo, dividiria com mais uma pessoa. Mas, três? Muita emoção, my friend!

Juro, se alguém ficasse em pé, as outras não poderiam andar no quarto, de tão pequeno que era aquele  lugar. Imagino que ele tenha cerca  2 x 2.

Mas, como decidi vir aberto ao novo e tentar começar uma vida com menos bloqueios, encarei o desafio com bastante leveza e isso tornou muito mais fácil o período de uma semana que passei por lá.

Não foi exatamente o que eu esperava de uma acomodação estudantil, mas foi legal e meus colegas de quarto eram bem gente boa, gente como a gente. Como disse, eram três colegas. Um era do Brasil, assim como eu, outro da Argélia e uma menina do Paraguai.

Tadinhos deles porque geralmente eu ronco e eu ronquei bastante no primeiro e no segundo dia porque eu estava muito cansado. Depois do segundo dia, eu ronquei bem menos.

Obs.: Como antes – quando eu estava mais gordo e fazia menos atividade física – eu roncava desesperadamente, eu desenvolvi o hábito de deixar o gravador do celular gravando à noite quando eu durmo em quarto compartilhado. Isso pra tentar medir, no outro dia, o tanto de ódio que causei nas pessoas e se tenho ou não que pedir desculpas por existir. HAHAAH. Não tente entender a minha cabeça, pois você falhará miseravelmente…

Sobre escola e outras coisas

Ainda nessa primeira semana, comecei as minhas aulas na escola e preciso confessar que nos primeiros dias eu não sabia o porquê de estar na turma que eu estava.

Mas, antes de falar dos “BO”, quero dizer que eu me senti um jovenzinho, apesar da meia idade, indo pra escola aprender a “lição”, não mais em português, mas – chique bagarai– em inglês. Olha, fazia um tempo que eu não sentia um friozinho tão legal pra começar alguma coisa. Foi muito massa!

Agora, preciso dizer que nos primeiros dois dias eu não entendia absolutamente nada do que o professor, que é Irlandês, falava.

“Senhor, será que erraram o meu nível de inglês?”, esta era a pergunta mais presente na minha pequena cabecinha, enquanto eu ouvia ele dar direcionamentos ao grupo sem entender nada.

E nesta loucura de dizer que não te quero… Opa, errei a fala. Quero dizer: e nessa loucura de não entender nada, eu simplesmente fazia as coisas por osmose e fingia que estava tudo bem, porque além de blogueiro também sou ator profissional.

Além desse ponto de me sentir mais perdido do que cego em tiroteio, outra coisa que preciso confessar é que, talvez, eu estivesse esperando algo diferente do contexto estudantil.

Sabe aqueles filmes americanos que você assiste na sessão da tarde? Hoje vejo que mirei neles e acertei em uma turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos). (HAHAHAH)

A turma é super legal, me entenda, inclusive me receberam muito bem!

Mas é que há uma vibração muito mais para a construção de vida aqui na Irlanda – temas como trabalho são mais frequentes -, do que uma energia de “vamos sair, vamos viajar, conhecer o mundo, viver a vida…”.

Além disso, aparentemente os intercambistas são mais fechados do que eu também imaginava (ou será que eu que bloqueio o pessoal com a minha cara de antissocial?). (HAHA!)

Resumo do dia

Nesta primeira semana, em resumo, vivi muito e talvez eu possa dizer, sem medo de estar fingindo, que vivi muito feliz por ter a oportunidade de, de fato, viver um sonho.

Isso é, reforço, de verdade, um dos meus grandes sonhos! Pode me julgar, eu deixo.

É algo que eu já vinha tentando fazer desde 2014, quando pela primeira vez comprei um pacote de intercâmbio pra cá, e, infelizmente, depois tive que cancelar.

Então, imagina a alegria do menino – de cara de gente sofrida – ao passear pelas ruas congelantes, porém belas, ao ver os castelos medievais e igrejas góticas e conversar com gringos em um idioma diferente, sabendo que aquilo não vai se tratar de apenas uma experiência de uma semana…

Eu estou puramente um porre de tão metido! E espero que seja assim por muito tempo. 

Quero voltar aqui depois pra contar um pouco mais da segunda semana.

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