Antes de tudo, gostaria de pedir desculpas àqueles que apreciam o período de final de ano. Por favor, compreendam que isso não é um ataque direto a vocês, pois está tudo bem desfrutar, viver e aproveitar dessa temporada da maneira que cada um considera melhor.
Eu só quero me dar uma licença poética pra meter o pau no que eu chamo da época do made in china, deixando aqui alguns pontos que me levam a ter esta visão um tanto divergente da maioria esmagadora da sociedade brasileira.
Como tudo começou…
A vontade de manifestar a minha opinião através deste texto surgiu quando eu me deparei com uma notícia do G1 que falava sobre uma tal de “dezembrite”, termo criado para se referir ao conjunto de sentimentos negativos que costumamos ter durante este mês. Quando eu li a manchete, pensei: eu tenho dezembrite crônica!
Bom, de acordo com a matéria, a “dezembrite” não é uma patologia prevista nos manuais da psicologia ou psiquiatria, mas os sentimentos e sintomas associados a essa “síndrome do fim de ano” são reais. Neste período, as pessoas podem sofrer mais com ansiedade, estresse e angústia excessiva, especialmente aqueles que já possuem quadro clínico de de saúde mental.
Quando comecei a ler a matéria achei que tinha “dezembrite”, mas ao terminar eu passei a ter certeza de que eu não teria só isso. Tenho algo maior! Algo que está muito em alta nos últimos tempo: o ranço. Eu tenho ranço do “Natal” e do “Ano Novo”.
Isso porque além dos sentimentos mais aflorados, de estresse e angústia, eu tendo a revirar os olhos inúmeras vezes ao longo de dezembro quando sou forçado a observar um número significativo de seres-humaninhos fingindo ser #pazeamor, quando passaram o ano inteiro dando contratestemunho do que a sociedade convencionou como atitudes “do bem”.
Minha opinião sobre o “Natal”
É muita gente postando stories do tipo: “paz e harmonia”, “amor no coração”, “juntos para sempre”, “amo todo mundo”, quando em casa fazem seus familiares comerem o pão que o diabo amassou ou no trabalho infernizam a vida do coleguinha.
E neste grupo nem coloquei aqueles casos de arqui-inimigos silenciosos que se maltratam nas escondidas e só faltam beijarem de língua nas comemorações de círculos de amizades comuns ou nas confraternizações das empresas onde trabalham.
No “Natal”, a minha impressão é que há muita fala, encenação e pouca verdade. É muito canibal travestido de gente bela, recatada e do lar. E isso me cansa.
Além dessa questão dos “falsianes” que o Natal revela, eu fico possesso, para não utilizar outra palavra, com a comercialização exacerbada de um período que na sua essência é lindo, familiar e simples. Mas, sobre isso nem vou me extender.
Agora, opinião sobre o “Ano Novo”.
E depois de meter o pau no Natal, como parte da minha tese do porquê não devemos gostar do final do ano, agora é a vez do próprio final de ano.
E eu já começo o ranço com o seu nome, o réveillon. Eu escuto este nome e tenho vontade de “desouvir”.
O fato de que um número absurdo de pessoas age como se um simples movimento de ponteiros fosse resolver suas vidas me assusta e me deixa confuso.
É impressionante como nós, frágeis seres humanos, terceirizamos a responsabilidade da mudança de nossas vidas a qualquer coisa.
Terceirizamos para as simpatias, para o ponteiro, para os fogos, para um calendário… e o mais importante, que é a decisão de fazer algo diferente, nada fazemos com ela!
Pra encerrar o assunto
Enfim, talvez este seja um escrito de um ignorante que não sabe enxergar, como tantos outros, a beleza na “loucura” que os tempos atuais transformaram o Natal e Ano Novo. Ou sempre foi assim e eu que nunca observei. Ou pode ser que eu ainda não fui “evangelizado” para aceitar o novo.
“Não sei, só sei que foi assim!”, parafraseando Chicó (ou foi João Grilo que disse isso?).
Mas brincadeiras à parte, caro leito, não me cancele por completo…
Embora eu realmente não goste muito do final de ano, e prefira vivê-lo mais reservado, eu fui generoso na utilização de ironias e hipérboles neste texto.
Reconheço que ainda há algumas coisas legais nas comemorações atuais, que vão para além do sentido religioso – que hoje é a única coisa que pra mim faz sentido. Inclusive, participo de algumas celebrações, como amigos secretos de até 10 reais (risos).
No final, só quero fazer uma crítica sobre o exagero e o desleixo – que geralmente temos – com um ano completo que temos para sermos melhores.
Não podemos deixar tudo para o final do ano; conseguimos evoluir em qualquer mês, em qualquer dia e a qualquer hora do ano.